Para os incautos, uma teia

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No filme Duplicidade, Julia Roberts e Clive Owen correm atrás de uma fórmula secreta que revolucionaria a indústria de cosméticos e com certeza o mundo: a fórmula para fazer o cabelo crescer. Esse tema atormenta homens e mulheres de maneira diferente e é, sem dúvida, um assunto de interesse mundial.

Adianto-me em dizer que não pretendo abordar a questão relativa a pelos no corpo por ser algo que me parece sujeito a modismos, algo íntimo demais e que na imensa maioria das vezes não me diz respeito.

Para os homens o cabelo sempre foi algo fundamental e relacionado com a juventude e, consequentemente, com força e virilidade, vide o caso bíblico de Sansão. Daí a fixação masculina em preservar seus fios, apesar do sucesso de músicas como “Nós os Carecas” e “Olha a Cabeleira do Zezé”.

É claro que nos tempos modernos, com a entrada dos homens com força total no mundo dos cosméticos, os cuidados se multiplicaram. Mas vejam só: nós não nos incomodamos, pelo menos eu, que os cabelos fiquem brancos. A perda dos fios é que é algo desastroso. Enfim, não há nada muito diferente disso.

Quanto às mulheres… Ah, as mulheres. E longe de mim criticar os cuidados. Pelo contrário, sou fã de que todas se mantenham bem cuidadas. E lindas, sempre lembrando que bonita é se sentir bem, e o cabelo é a primeira chave para essas portas tão complicadas se abrirem. Porém, nos dias de hoje a exuberância da cabeleira feminina ganhou outra dimensão,  é algo assim como “chego antes”. Assumiu a responsabilidade pelo efeito que antes foi assumido pelo decote, depois foi para as pernas. Mesmo aqui, no país das bundas, o cabelo tornou-se o soberano! A frase: “Você viu o cabelo da fulaninha?” é mais proferida do que “viu o vestido?”, “viu o sapato?” ou “viu o namorado?” em qualquer ocasião social, e principalmente em festas de casamento.

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O que gostaria de entender é essa preocupação constante, sem hora, local ou situação, sempre mexendo, sempre se ajeitando, dificilmente satisfeitas. Reparei que as mulheres jamais confessam seus truques, riem encabuladas quando o penteado é elogiado, e dizem que não foi nada, que só passaram um “pente” antes de sair de casa. Tenho a impressão de que a camada mais privilegiada da população feminina, depois da PEC das Domésticas, entrou em desespero diante da possibilidade de perder o tempo livre no salão.

Descobri, graças a minhas filhas que o esmalte também é algo de suma importância, mas a “chapinha”… nada a supera.

Sapatos distinguem classes sociais e revelam fetiches, mas o cabelo revela o momento, mesmo que seja difícil definir exatamente o que esse momento significa para cada uma. Exibe as cores da moda, serve de vitrine para o estado de espírito, revela como anda a autoestima, e funciona principalmente como uma arma de sedução e paquera.

Jogar o cabelo de um lado para o outro, de maneira leve, é sinal uma leve paquera. Se o movimento emprega mais força e se tratar de uma cabeleira “poderosa”, trata-se de pura sedução; segurar as pontinhas é juvenil, é meio “Lolita”. Falar e olhar para o chão, enrolando um fiapinho com ar de culpada, rende um convite para um beijo quando voltar a erguer o rosto. Fazer rabos de cavalo com elásticos já presos no pulso enquanto fala ou expõe idéias, revela uma mulher decidida e esportista. Coquinho com presilhas ou lápis no escritório indica que alguém é alvo de interesse no trabalho, principalmente se acompanhado daqueles óculos com ar de intelectual. Aí é xeque-mate!

A roupa pode ser a mais discreta possível, mas a maneira de pentear os cabelos e a forma como eles são “lançados” a cada minuto revelam as intenções de cada uma, a cada instante, não importa o local.

As meninas de hoje, pré-adolescentes e adolescentes, aprendem cedo a usar os cabelos. É de uma forma mais inocente, e o objetivo é o de sempre:, participar do grupo, fazer parte da turma. Os longos cabelos que fazem a festa dos laboratórios farmacêuticos são jogados, “chapinhados”, e estão sempre prontos para fotos tiradas com o celular, garantindo a mudança na foto do perfil do Facebook. Sempre com a cabeça virada pro lado, é claro,  e as melenas pendendo qual Rapunzel.

Enfim, homens e mulheres criam novos códigos com uma rapidez cada vez maior. Cabe a quem quiser se adequar, gostar e se jogar.

Como fiz referências musicais ao falar sobre os homens, não posso negar que os cabelos compridos das mulheres exercem atração sobre o sexo masculino. Afinal Wando, antes brega e agora cult, já cantava “ quero me enrolar nos seus cabelos, abraçar seu corpo inteiro, morrer de amor, de amor me perder”.

Posso até defender a indicação do inventor da chapinha ao Premio Nobel e a elevação dos salões de beleza à condição de “transformadores de beleza”, Sigo dizendo, porém, que todo mundo igual não é legal, mas sou minoria.

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