Mundo encantado

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Disney I

Minha primeira língua foi o italiano. Quando eu ainda era bem pequeno, lá pelos idos da década de 1960, meu pai tinha o hábito de levar para casa o Corriere dela Sera, que publicava as tirinhas com os personagens da Disney. Eu e meu irmão éramos incentivados a lê-las em italiano. E assim, devagar, aprendi a ler o idioma dos meus avôs, prática que conservo até hoje. Mas meu fascínio pelos quadrinhos não dependia da língua. A cada quinze dias, eu corria para a banca de jornais em busca das novas revistas com o Pato Donald, o Mickey ou o Zé Carioca na capa, todas devoradas em algumas horas e curtidas até que a próxima aparecesse.

O ponto alto do calendário, porém, era o almanaque mensal, que continha várias histórias, algumas aguardadas com ansiedade, como as do Super Pateta, mais explorado nos quadrinhos do que na própria Disney. Eu também gostava de superheróis, mais clássicos, como o Batman e o Cavaleiro Negro, hoje considerados até cult. Mas o que eu realmente esperava com ansiedade eram as revistinhas da Disney. Quando entrei na adolescência, permaneci fiel ao Super Pateta, mas também gostei de outros dois personagens que só apareciam nas revistas, os dois primos do Donald: o sortudo Gastão e o aloprado Peninha.

Quando comecei a estudar Economia na faculdade e, especificamente, a analisar empresas, fui atraído em descobrir mais detalhes sobre o funcionamento da Disney. Não me limitava a estudar a parte econômica. Também me interessei pela vida de seu fundador, Walt Disney, e pelos complexos de entretenimento que ele idealizou. Só fiz minha primeira visita já como adulto e fui capaz de observar a magia que eles conseguiam transmitir. Prestava atenção em todos os detalhes que conseguia captar, como se quisesse desvendar o que estava por trás de todo aquele “Maravilhoso Mundo Disney”, como dizia a propaganda e o início dos filmes.

Disney II

Porém, foi apenas quando fui para a Disney World na companhia das minhas filhas que eu pude perceber completamente o poder da atração que aquilo exerce em todos. Percebi o carinho e o esforço de cada funcionário em agradar cada criança, mesmo quando cada parque recebe diariamente dezenas de milhares. Fiquei fascinado e minhas filhas dizem que quando falo da Disney parece que me empolgo mais do que muita criança. Devo confessar, o encanto que sempre senti continua vivo e agora vem acompanhado pela admiração. Até hoje, revejo com prazer desenhos antigos do Mickey, Donald, Tico e Teco, Pateta, e continuo a rir das mesmas cenas, impressionado com a atualidade da tecnologia mesmo passado mais de cinquenta anos da exibição de alguns deles. Quando estou mais compenetrado, vejo o longa-metragem Fantasia e percebo a importância do talento de Walt Disney para o desenvolvimento dos desenhos animados até para adulto. Encanto-me com a trilha sonora clássica e rio sozinho com o balé das hipopótamas.

É verdade que às vezes sinto uma saudade gostosa de casa, do tempo das tirinhas do Corriere della Sera, das revistinhas, da primeira vez que fui a Los Angeles e visitei Main Street, no Magic Kingdom. Nessas horas, a criança que mora dentro de mim sorri. Fico imaginando quando terei a oportunidade de voltar lá mais uma vez e admirar como tudo funciona com tanta perfeição. Deve ser mesmo magia.

 

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