Todas as cores da paixão

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apaixonados II

Estar apaixonado é um estado do corpo e da mente que promove drásticas mudanças no comportamento normal do indivíduo. Você sorri por nada, sofre de dores de saudade e tem a mais absoluta certeza de que a felicidade eterna está ao alcance da mão. As alterações na sensibilidade fazem com que os apaixonados vejam e sintam coisas que somente eles podem perceber. Sim, é como se eles realmente vissem duendes e fadas, guardadas as devidas proporções, é claro. A alvorada e o crepúsculo ganham tonalidades invisíveis para o resto do mundo. O azul do céu ganha nuances sutis e até o cinza dos dias nublados ganha uma beleza triste e tranquila.

Apesar de continuarem a ouvir as mesmas músicas de sempre, elas parecem contem acordes novíssimos. E de repente aquela palavra no meio de um verso um tanto banal parece se transformar em uma inédita definição para o universo.

Os apaixonados têm facilidade para encontrar estranhas coincidências e se divertem com elas. Procuram pares exatos nos horóscopos, contam letras de nomes, descobrem o mesmo número e riem como se isso garantisse que permanecerão juntos até a próxima era do gelo…

Nada supera a sensação de estar apaixonado. Até a dor pela ausência do outro, mesmo que apenas por uma tarde, é gostosa. A vontade de ter longas conversas, sem hora para acabar, obscurece necessidades comezinhas como a fome ou o sono. A paixão é um energético e tanto. Talvez seja até viciante.

Para mim, aquela expressão mal traduzida do inglês de “borboletas na boca do estômago” talvez seja uma das melhores definições para o sentimento indescritível que acontece a cada encontro. Que coisa boa! O sorriso vem de dentro, algumas lágrimas afobadas podem aparecer, as mãos se procuram. O abraço é forte e envolvente. As bocas se tocam com um sentimento impossível de descrever porque muda a cada segundo.

Quando nem os grandes poetas conseguiram captar precisamente todas as sutilezas da paixão, prefiro recolher minhas palavras e observar apenas o que se passa comigo, as transformações no meu corpo, as reações na minha cabeça. Muitas vezes rio. Não pensava que fosse capaz de sentir tudo isso de novo, como me pegar achando graça de coisas absolutamente bobas. Mas é assim mesmo. Estou apaixonado.

Hoje sou daqueles que identifica cores, encontra palavras escondidas, faz contas e ri feliz da benévola conspiração do universo a favor do que sinto. Não sei como explicar toda a química nem o resto. Simplesmente me deixo levar pelo que sinto, sem me esquecer de olhar para os lados de vez em quando e reparar se tem muita gente olhando enquanto eu rio sem parar.

Não sei se é uma conspiração astral, uma questão de alinhamento de planetas, horóscopo, anjos tocando harpa, cupidos acertando alvo. Constato apenas que a paixão me faz ver e sentir tudo de uma forma diferente. O engraçado é que tive que chegar na meia-idade para comprovar isso. Na juventude, a gente não dá o devido valor para tudo isso, talvez por acreditar que seja esse o natural estado das coisas.

Só me resta torcer para que o caríssimo Vinícius de Moraes esteja certo e desejar para “que seja infinito, enquanto dure…”

 

 

 

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