Na segunda-feira passada, foi anunciado o Prêmio Nobel de Economia, dividido por três americanos, Eugene Fama, Lars Peter Hansen, e Robert Shiller, premiados por “suas análises empíricas dos preços de ativos”, segundo indicou a Real Academia de Ciências da Suécia. Interessante observar que o Nobel de Economia foi criado em 1968. A categoria não faz parte dos prêmios originais criados em 1895 pelo testamento do empresário Alfred Nobel, inventor da dinamite. Entre os vencedores, o mais conhecido e mais “badalado” é Shiller, figura constante de análises de mercado em jornais e TVs americanas. Ele criou um índice sobre os preços dos bens imobiliários nos Estados Unidos, o chamado ‘Case-Shiller’, que é publicado mensalmente pela agência de classificação financeira Standard and Poor’s. O que nos interessa realmente aqui é que no último mês de junho em seminário patrocinado pela BM&F, Shiller declarou ser possível que o Brasil esteja passando por uma “bolha imobiliária” semelhante a do Japão, cujos preços tiveram seu pico ao final do anos 1980 e de lá para cá não conseguem reagir. A suposta bolha brasileira seria provocada por fatores como a sobrevalorização da moeda brasileira — que faz com que os imóveis daqui estejam, em termos relativos, mais caros que no resto do mundo –, o financiamento mais fácil, levando a uma corrida e possivelmente a uma posterior inadimplência e, finalmente, uma baixa “artificial” da taxa de juros, o que deslocaria investimentos para a área imobiliária por falta de alternativas. Tendo a concordar com a análise de Shiller, principalmente porque todos os pontos levantados são fruto de erros que poderiam ter sido evitados pela equipe econômica. Mas isso já seria outro assunto. De maneira geral, se o setor privado não fechar em parte os financiamentos e se as taxas de juros reais não deslocarem os investimentos, corremos o risco de ter visto investidores comprarem imóveis por preços que dificilmente verão algum retorno. A desvalorização do real, o outro ponto que poderia reduzir tal perspectiva ruim, pode elevar a inflação, e acredito que o governo opte por não deixar os preços da economia subirem. Faz todo sentido, portanto, a ideia de que uma possível “bolha imobiliária” possa estourar, mas tanto o crédito do acerto quanto o débito por um erro pertencem apenas ao americano. Afinal, ele ganhou o prêmio e eu não passo de um observador atento.