Algumas vezes observamos que jornalistas de porte costumam brincar com números e notícias a fim de produzir polêmicas inexistentes, ou até confundir leitores. De forma alguma acredito que o Sr. Clovis Rossi não tenha entendido o otimismo das classes mais baixas, contrastando com o pessimismo das classes mais altas como coloca no seu artigo Quem deveria ficar “nervosinho”, publicado ontem pela Folha de S. Paulo.
Só para esclarecer o que entendo que esteja acontecendo segue a resposta que enviei ao veterano e prestigiado jornalista:
Prezado Sr. Clovis Rossi,
Sempre admirei aqueles que conseguem confundir ainda mais as pessoas leigas diante de notícias como o senhor mesmo menciona. Tenho a mais absoluta certeza que compreendeu o otimismo da classe mais pobre, como o pessimismo da classe mais rica. No entanto digamos que eu seja petulante o suficiente para achar que houve uma dificuldade no seu entendimento e resolva explicar algo.
Somente por uma questão de facilidade começaria pelo otimismo da classe mais pobre. Esta nunca teve tantas benesses como nos últimos 11 para 12 anos. E só por isso o otimismo e a intenção de votos no governo já seria justificado. Além disto o país tem tido um desempenho bastante razoável na geração de empregos (por favor, uma pessoa do seu nível não pode falar em pleno emprego, o senhor sabe o que é isso, e estamos longe deste fenômeno). Assim a classe mais pobre segue com seu otimismo.
Quando olhamos a classe mais rica, em níveis recordes de pessimismo, causa estranheza em muitos, no senhor inclusive. Então vamos a alguns pontos importantes:
-Para a classe mais baixa quem dá as benesses é o governo, já a classe mais alta sabe que estes vem de impostos e que têm limite. O limite é: total arrecadado – custeio do governo – dívidas – emendas parlamentares – investimentos – benesses = DÉFICIT. Sendo assim após 11 anos de elevação de arrecadação, elevação do custeio do governo, elevação das emendas parlamentares, queda dos investimentos e elevação das benesses, o DÉFICIT cresce, e ninguém irá emprestar dinheiro para financiá-lo, ou se emprestarem será a um custo que nos trará dor e ranger de dentes. Em outras palavras, sem um superávit primário razoável, e investimentos que garantam crescimento da economia, a arrecadação cairá, a não ser por elevação das taxas, e de novo fica explicado o pessimismo da classe mais rica.
-Quando compara 5 milhões de pessoas que recebem juros da dívida versus 50 milhões que recebem Bolsa Família, mais uma vez brinca com números sem saber. Aproximadamente 100 milhões de brasileiros, através das cadernetas de poupança, fundos de pensão, estatais ou privados, e correntistas de bancos recebem algum juro do governo e nem por isso são rentistas, e graças a esses e mais outros tantos que todos os anos acreditam no país que o governo segue funcionando, logo é justo que se preocupe um pouco também em pagar estes reais aos que aplicam nos títulos do governo. Acredito que uma revolução igual aconteceria se o governo parasse de depositar o Bolsa Família ou os juros das cadernetas de poupança.
-A classe mais rica está pessimista por uma distorção de educação. A classe mais pobre não teve direito a ela e não consegue perceber que se está gastando mais do que se recebe, se explicar isso a qualquer um, este também vai se preocupar.
-Finalmente Sr. Clovis Rossi, “os nervosinhos” como chamou o irresponsável e fraquíssimo ministro Mantega, é uma expressão em que ele deve ser incluído pois é o primeiro dos que estão usando fralda geriátrica, pois a cada promessa não cumprida, Dona Dilma o chama “às falas” na sua sala. Todos os indicadores que o senhor de maneira irônica fala são fundamentais para que se projete o crescimento do país afinal, “os de olhos azuis” estão saindo da crise e nós seguimos patinando na “marolinha”, e fica só para sua pesquisa: porque estamos com desemprego tão baixo e temos déficit tão alto nas contas do seguro-desemprego?
Enquanto eu procuro escrever melhor, o senhor deve procurar estudar um pouco mais de economia, ou nós combinamos que não entramos mais na seara um do outro