Barbadas só no Jockey

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Publico Investidor

O investidor brasileiro não sabe aplicar seus recursos na Bolsa de Valores. A imprensa especializada tampouco ajuda, aliás suas manchetes demonstram imensa ingenuidade ou desconhecimento da matéria, que beiram o amadorismo. No dia que o acionista local entender que a posição que ocupa é a de dono da empresa, e não de apostador do negócio ou das altas e baixas da Bolsa, talvez atinjamos um número de aplicadores relevante.

Talvez todos os dias, muitos investidores comprem pão e leite, ou talvez tomem café da manhã, no mesmo local. Imaginemos que este local tivesse ações, quais seriam as observações que se poderiam fazer para comprar as ações desta pequena empresa, ou ainda o que levaria o cliente a se tornar sócio desta?

Ser acionista não é apostar que a atividade ou a empresa são boas ou serão boas, muito menos apostar que o preço daquela ação subirá. Conhecer a história da empresa, de seus sócios majoritários e administradores é um começo. Sem dúvida todos têm o mesmo intuito: ganhar dinheiro, e de preferência muito. Mas esse caminho é para poucos, eu diria pouquíssimos. A grande maioria conseguirá formar um patrimônio que poderá lançar mão quando quiser ou necessitar se atuar como sócio e não como apostador.

É importante participar do longo prazo e não ficar com as ações no longo prazo. Há uma diferença grande, diria enorme, entre ser sócio e esperar que outros façam algo para que o preço destas suba.

Não é característico da cultura brasileira questionar, participar, se fazer ouvir e ouvir os outros, e para efetivamente extrair o máximo de uma sociedade é fundamental participar. Para ser acionista é preciso se fazer presente na vida das empresas.

O preço das ações não se movimenta por gravidade pela falta dela, nem por “transações escusas de tubarões capitalistas” como diriam socialistas, são inúmeros fatores, relacionados a cada empresa, ao setor que elas pertecencem, as economias nacional e internacional, para citar os mais conhecidos. Não precisa e não se pede que o investidor seja um especialista a ler relatórios intermináveis. Nesse caso, parte da imprensa que cobre a economia, fraquíssima no Brasil, poderia fazer este papel, mas não faz, fica no superficial, nas famosas “dicas” transformadas em “carteiras de recomendadas” que mudam a cada semana ou mês. Fico com uma dúvida, alguém é sócio de alguma coisa por 7 ou 30 dias?

publico investidor III

Há algumas semanas foi divulgado um pequeno estudo que se um investidor tivesse comprado ações da Souza Cruz em 2003, nos últimos anos teria ultrapassado a remuneração dos juros dos títulos públicos. Citei especificamente a Souza Cruz porque a empresa passou por diversos eventos negativos. O governo federal proibiu totalmente a propaganda de cigarros e triplicou em dez anos a tributação do setor, os governos estaduais e municipais proibiram que se fumasse em ambientes fechados, incluindo bares e restaurantes, e os maços de cigarro trazem alertas e fotos dos males do cigarro. Escolhi falar desta empresa para mostrar o que uma boa administração pode fazer. Não há apologia ao cigarro ou qualquer outra bandeira de liberdade de escolha, somente a visão de que é possível ser sócio de uma empresa com vários eventos ruins para a sua atividade e ter possibilidade de ganhos, mesmo sem que esta seja citada pelos jornais ou por especialistas.

Muitas são as necessidades do mercado de ações no Brasil em termos de regulação, tributação e entendimento por parte do Estado que este é importante para a economia nacional. Sem dúvida muito se avançou com diversos cursos, palestras, notícias, esclarecimentos e transparência, mas um Eike Batista faz um estrago imenso, e destrói qual castelo de areia na beira d’água esforço de anos de empresas sérias em busca de sócios.

O país é jovem e sua tradição capitalista capenga, o brasileiro é primordialmente um empreendedor, não gosta de patrões, mas se agarra ao governo quando se fala em aplicação financeira. A coragem para investir em um negócio próprio é infinitamente maior que a de se associar a uma empresa. As razões para isso estão nas quebras de bancos e companhias que foram manchete e recentemente ainda são, no entanto não se mostram as histórias de ganhos sólidos, constantes e consistentes com a economia do país. Porque não usar este espírito de fazer o novo para se associar a alguém que pode representar suas intenções e aspirações?

Os ditados “quando a esmola é grande o santo desconfia” ou “de grão em grão a galinha enche o papo” deveriam estar estampados nos bancos e corretoras de valores tal qual as mensagens de que o cigarro faz muito mal a saúde.

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