Talvez nenhuma outra atriz tenha sido capaz de projetar a aura de mistério da sueca Greta Garbo (1905-1990). Nascida em Estocolmo, trabalhou em uma loja de departamentos antes de estrear no cinema. Do sucesso em casa ao estrelato em Hollywood, onde chegou em 1925, foi um pulo. Virou diva dos filmes mudos e, para a surpresa de muitos, permaneceu diva no cinema falado: o sotaque nunca chegou a ser um empecilho. (A campanha publicitária de seu primeiro filme sonoro, Ana Christie, proclamava: Garbo talks!). Arredia, avessa à imprensa, obcecada pela própria privacidade, ela ficou para sempre associada à frase que proferiu em Grand Hotel, de 1932. “I want to be alone.” (Quero ficar sozinha.)
Realizou seu desejo em 1941, quando voluntariamente deixou os holofotes e abandonou sua carreira artística. Estava com 35 anos. Nunca caiu na tentação de voltar à cena. Viveu até o fim de seus dias em Nova York, discretamente. Por vezes, fazia alegria de algum paparazzo que a flagrava pelas ruas da cidade.
Nas telas, a atriz dava preferência a dramas de época nos quais interpretava mulheres fortes e trágicas, como as personagens-título de Rainha Cristina (1933) e A dama das camélias (1936).
Em 1939, pela primeira vez estrelou uma comédia, Ninotchka. Chegou a ser indicada ao Oscar de melhor atriz. Mas era o ano de E o vento levou… O filme foi bem na bilheteria. A publicidade proclamava: Garbo laughs! (Garbo ri!). Na cena a seguir, Melvin Douglas tem um trabalheira para fazer com que ele solte, enfim, uma boa gargalhada. (Tenha paciência: é lá pela altura dos 4 minutos).
Greta Garbo foi a atriz escolhida para iniciar a série Estrelas aqui no blog, com desenhos do artista FHAF. Carioca de São Cristóvão, ele fez histórias em quadrinhos para a editora Ebal, na década de 1970. Apaixonado pelo cinema, produziu uma série de desenhos a nanquim em que retratava seus astros favoritos. Seu traço merece ser conhecido.