A Petrobrás divulgou, na última sexta-feira, 25 de outubro, o resultado do terceiro trimestre deste ano, abaixo do piso das expectativas. Prefiro porém observar com cuidado o comunicado feito por sua presidente Maria das Graças Foster, logo em seguida
A empresa esclareceu que sua diretoria apresentou nesse mesmo dia uma fórmula de reajuste da gasolina e óleo diesel ao Conselho de Administração, que terá até o dia 22 de novembro para se pronunciar e aprovar. É claro que a metodologia não foi divulgada, mas o que chama a atenção é que, combinado ou não com o governo, a diretoria entendeu que a empresa não tem mais como ser um dos pilares da salvação da inflação neste e nos próximos anos e, simultaneamente, atuar como motor dos investimentos para melhorar o PIB. Ela já deu tudo que podia em anos de sacrifício de rentabilidade, elevação de endividamento, pagamento de dividendos ao Tesouro Nacional e indução de investimentos, com o atual modelo adotado pelo governo.
O resultado muito ruim de 3,4 bilhões de reais (as previsões giravam entre 4,6 e 5,8 bilhões) no período julho-setembro foi afetado por:
- Baixa produção de petróleo em julho e agosto com consequente elevação de importações de gasolina e óleo diesel;
- Aumento da defasagem entre o preço de venda da gasolina e óleo diesel no mercado interno e o preço pago pelas importações, que ainda foram influenciadas pela alta do dólar;
- A menor contribuição da venda de ativos no exterior que no trimestre anterior respondeu por 20% do resultado final.
Pelo lado “positivo”, a empresa se utiliza de possibilidade de não contabilizar perdas cambiais no curto prazo por conta de hedge futuro nas exportações de petróleo, com isso o resultado acumulado do ano é positivo em dezessete bilhões de reais, mas poderia ser negativo se esse recurso não fosse utilizado.
A produção tende a aumentar nos próximos doze meses com a entrada de novas plataformas em operação. Se for aprovada em novembro uma metodologia de preço que adeque consumo-câmbio-produção, a empresa pode ter um 2014 menos ruim.
A política cambial do governo e a cotação do dólar no mercado internacional são incógnitas não-operacionais que podem atrapalhar os resultados futuros da empresa.
O novo plano de investimentos para o período 2014-2018, a ser anunciado ao final do ano, ainda contemplará poucos recursos para Libra, mas será importante para saber como a empresa pretende captá-los e como dará prosseguimento ao programa de desinvestimento no Brasil e no exterior, que têm muitos questionamentos não respondidos.
Os mais otimistas poderão achar que o investimento é bom, os realistas permanecem à espera de decisões concretas e melhores indicadores de produção. Os pessimistas às vezes perdem oportunidades de ganho, mas neste momento evitam perdas que ainda podem acontecer.