2014, o ano sem novidades

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Projeções_2014_III (1)

Apesar das promessas anteriores, obviamente não cumpridas, 2013 se encerra de forma tão melancólica quanto 2012. O dado novo é o fato do governo não ter conseguido concretizar nenhuma de suas previsões ou projeções. Repito: nenhuma. Por mais que o ministro Mantega volte a choramingar sobre projeções, fica a certeza de que neste governo se mistura política partidária com política econômica, sempre.

Mas passado é passado.

O que teremos para 2014? Não espero grandes novidades: mais do mesmo.

A expectativa é que o país não saia do lugar. Se conseguir se equilibrar em um ano eleitoral, já terá sido um sucesso. Essa visão, que talvez soe pessimista, tem na realidade um viés até otimista, como explico a seguir.

O número mais importante da economia é o percentual de crescimento econômico, isto é, o quanto o PIB vai crescer. Se tudo correr dentro do esperado, em 2013 o crescimento será algo próximo a 2,5%, repetindo-se a previsão para 2014. Não há nenhum evento ou condição econômica mundial e nacional que permita uma projeção algo substancialmente maior. Da mesma forma, substancialmente menor é também difícil.

O próximo número que se examina é a taxa de inflação. Nesse ponto, devo alertar que o atual governo adotou como meta manter a inflação abaixo de 6,5%. No entanto o centro da meta é 4,5% com 2pp de tolerância para mais ou para menos. A projeção é que se feche 2014 mais uma vez na faixa de tolerância superior. Espero algo entre 5,5% e 5,8%. No entanto existem três fatores importantes que farão o governo ter bastante dificuldade para repetir a taxa de 2013. Haverá reajuste dos transportes públicos; não haverá redução nas contas de energia elétrica; e haverá mais aumento dos combustíveis. Minha projeção pode ser considerada até otimista.

Projeções_2014_II

Na semana passada,  considerei a possibilidade do FED reduzir os incentivos monetários ao longo de 2014. Mesmo que essa redução seja pequena, ela terá impacto sobre a cotação do dólar em relação ao real. Com uma perspectiva de outro ano com baixo crescimento e inflação no mesmo patamar ou acima, a desconfiança poderá ser maior. Levando-se em conta esses dois pontos, acredito que um dólar cotado entre R$ 2,55 e R$ 2,60 é uma “aposta” boa.

As contas externas terão muito movimento em 2014. Em ano eleitoral há uma natural redução de investimentos estrangeiros, tanto em ativos fixos como em monetários. Com um dólar mais alto, espera-se uma recuperação da balança comercial. Neste momento abro parêntesis. Em 2013, o saldo comercial deverá ser pouco superior a 1,5 bilhões de dólares, um resultado horrível. A recuperação que menciono é que ele pode chegar a sete bilhões. Em relação ao histórico, ainda é muito fraco. A conta de gastos dos turistas brasileiros e estrangeiros também pode e deve melhorar. Uma cotação mais alta do dólar inibirá viagens e a Copa do Mundo trará uma receita extra. De forma geral as contas externas devem se estabilizar ou apresentar uma pequena melhora em relação a 2013. Déficits ao redor de 3,6% do PIB não preocupam, desde que não sejam recorrentes, na minha opinião. O governo, no entanto, acha tudo normal. Em 2014, ele deve permanecer no mesmo patamar, mas com um aperto monetário nos Estados Unidos, esse número preocupa mais ainda.

As contas nacionais são um mistério. A “contabilidade criativa” é capaz de criar diversos “esqueletos” que mais tarde deverão ser devidamente retirados dos armários. Em 2012 o governo fez malabarismos para entregar um superávit primário de 2,38% do PIB. Esse ano, mesmo com os recursos do leilão do Pré-Sal do campo de Libra (quinze bilhões de reais) e do Refis, foi preciso recorrer ao Congresso para pedir que não aprovasse mais nenhum projeto que criasse despesas e para alterar as regras da contabilização do superávit. Antes, o governo federal cobria o que os governos estaduais e municipais não conseguissem entregar. Agora isso não ocorrerá mais. Assim a expectativa é que em 2013 o governo consiga um superávit primário de 1,7% do PIB e melhore para 2% em 2014, basicamente pela redução das desonerações e pela maior carga tributária, conforme observamos nos recordes de arrecadação que obtém.

Não há novidade para 2014. A administração econômica é ruim, e assim continuará.

Resta a esperança e o otimismo incorrigível do brasileiro.

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