O ministro Guido Mantega, em entrevista ao Estado de São Paulo declara que o PIB de 2014 “será um pouco melhor que esse ano (2013)”. As últimas projeções para 2013 depois do fiasco do terceiro trimestre, de acordo com a pesquisa Focus, estão em 2,3% de crescimento. Isto quer dizer que os 3% para 2014, prometidos em outubro, não serão mais considerados. As promessas dessa equipe econômica, aliás, só servem para quem acredita no Papai Noel. No entanto, percebo que o governo não mais fará projeções otimistas e sim pessimistas, para colher os louros depois de colher muita crítica. Ainda na mesma entrevista, Mantega declara que não utilizará mais a contabilidade criativa. Bem, quer dizer que usou e que percebeu que não enganou ninguém. Patética até o fim, a equipe econômica do governo.
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O saldo da Balança Comercial até 15 de dezembro deste ano, está positivo em 15 milhões de dólares, um dos piores resultados de todos os tempos. Seria algo como, “nunca na história deste país…” e isto em função de um saldo negativo de 19 bilhões de dólares em importações de petróleo e derivados. Logo, é fácil imaginar o quanto sofre a Petrobras, conforme já escrevi por aqui em algumas ocasiões (Leia A maior, não a melhor e A agonia da galinha dos ovos de ouro). As contas externas devem fechar 2013 de maneira muito ruim e com pouca possibilidade de uma grande melhora em 2014.
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O Banco do Brasil comunicou que vendeu, por intermédio de seu banco de investimentos, uma participação de 19% que tinha na Itapebi Geração de Energia, pelo valor de 175 milhões de reais e que isso impactará de forma bruta, no mesmo valor no resultado do banco. Bom para o governo na distribuição de dividendos. Mas fica a pergunta: essa empresa contribuiu em 30,9 milhões de reais para o lucro em 2012, contra um investimento contabilizado de 75,7 milhões, um retorno de mais de 45%, por que vendê-la então? Cartas para a “redação”.
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A Eletrobras segue com sua situação financeira apertada após a canetada de 2012 por parte do governo federal para reduzir a conta de luz e antecipar as concessões de usinas de geração de energia e as linhas de transmissão. Além de não conseguir gerar recursos, a empresa solicita ao governo – ou melhor, a todos nós — uma indenização de 12 bilhões por conta da antecipação de renovação da concessão das linhas de transmissão de energia. A empresa fez programa de redução de custos, de demissão voluntária e só deve gerar caixa em 2017, segundo analistas da Citi Corretora. Até lá, nós, que nos beneficiamos da redução das tarifas de luz, pagaremos o prejuízo. Quem se habilita a calcular para saber se seria melhor continuar com a conta de luz como estava?
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O país bateu recorde de arrecadação para o mês de novembro e pela primeira vez supera a marca de um trilhão de reais.
Esclarecimentos:
- O mês de novembro teve reforço de quase 20 bilhões nos 112,5 bilhões arrecadados por conta do REFIS para bancos, seguradoras e multinacionais. Isso não se repetirá em nenhum outro mês. Mas ajudará a fechar as contas de 2013;
- Engraçado como uma arrecadação tão alta ainda não seja o suficiente para que o governo faça algo melhor. Não falo de diminuir a dívida ou economizar, mas de apresentar serviços públicos de melhor qualidade. Isso já não é mais um ralo por onde o dinheiro sai, mas um verdadeiro sorvedouro.
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A partir de janeiro, o FED (o Banco Central dos Estados Unidos) reduz de 85 bilhões para 75 bilhões de dólares os estímulos monetários. A decisão foi uma surpresa, pois só era esperada para março do próximo ano. Ao mesmo tempo, o FED estabeleceu dois novos parâmetros: divulgou que não elevará os juros antes que o desemprego seja inferior a 6,5% e a inflação projetada não supere 2,5% aa. Assim, é possível concluir que a retirada dos estímulo será gradual. Creio, porém, que será ininterrupta.
Para o Brasil, a notícia é boa pela velocidade da retirada dos estímulos, mas as projeções de preços das principais commodities que exportamos caíram ainda mais. Isso vai prejudicar mais as exportações do que beneficiar a queda do preço dos derivados de petróleo que importamos. No final, o governo deve manter a atenção nas contas externas.
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Que 2014 nos seja leve!
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