Ano de eleições majoritárias e o PT mantém a liderança nas pesquisas para a presidência. Mas não é preciso ser um gênio ou uma Mãe Dinah para prever as dificuldades que a presidente terá de enfrentar na economia. Eu mesmo já bati nessa tecla diversas vezes. Está na hora de olhar para outros detalhes.
Em 15 de janeiro, o Copom decidiu por uma elevação de 0,5pp na taxa básica de juros, em votação unânime. Não parece que o ciclo de alta dos juros esteja encerrado. Essa decisão pegou muitos de surpresa. Li em quase todos os principais jornais do país que o Palácio do Planalto “havia liberado” o Banco Central para baixar a inflação “no primeiro semestre”. Fiquei ainda mais surpreso. Se o Palácio do Planalto “liberou”, o que é que o Copom vem fazendo há sete reuniões seguidas em que vem subindo a taxa básica de juros? E se não conseguiu baixar a inflação até agora, a presidente, com seu jeito afável e muito acadêmico, economicamente falando, acredita que seja assim? “Eu quero e pronto!”
Nesta semana, Dilma participará pela primeira vez do Fórum Econômico Mundial, na Suíça, e usará o Copom para mostrar que o país combate a inflação. Usará as concessões rodoviárias e o leilão do Campo de Libra para mostrar que ele está aberto a investidores externos. E usará os números reais das nossas imensas e absurdas necessidades de infraestrutura como chamariz aos investidores. O que esquece é que é ano eleitoral e qualquer propaganda tem 90% de chance de ser enganosa. Se não for, trará resultados somente a partir de 2015.
Seremos postos à prova na Copa do Mundo em todos os sentidos: politicamente, economicamente, como anfitriões e ainda como candidatos a investimentos.
O governo tem o período entre o Fórum e a Copa do Mundo para dar alguma “mão de tinta” na economia, na política e na infraestrutura do país, caso contrário, não faço apostas políticas, mas as econômicas serão pela já mencionada e descrita, “Tempestade Perfeita”.
O castelo de cartas será derrubado como sempre pelo erro primário e avisado centenas de vezes da “contabilidade criativa” e o consequente estrago à credibilidade do país. O escândalo mais recente, relativo às contas de poupança “adicionadas” ao lucro da Caixa Econômica Federal precisa ser bem explicado. Se não vejamos: os recursos entraram como lucro, foram oferecidos dividendos ao Tesouro Nacional e foram contabilizados recursos positivos ao superávit primário. É claro que a imprensa, com razão, quer saber se tais recursos serão devolvidos aos seus titulares, enquanto os credores pedirão mais juros nas emissões do governo.
Há cerca de dez dias, para fazer frente ao seu programa de investimentos, a “pobre” Petrobrás fez a primeira captação internacional de 2014, de cerca 11 bilhões de reais. Obteve custos mais baratos na Europa, mas alertou ainda mais agências de classificação de risco sobre a petrolífera mais endividada do mundo.
Até junho ainda teremos muitos questionamentos e problemas com as contas públicas, envolvendo principalmente o BNDES.
As reclamações, as críticas, as opiniões contrárias serão muitas e virão de todos os lados. Será um ano difícil para a equipe econômica, mas o que deve ficar gravado na memória de todos é que credores não reclamam, não fazem críticas e não dão opinião. Cobram mais caro, e faltará dinheiro para tudo. Mas o credor tem preferência. A não ser que se inverta a lógica para privilegiar o eleitor. É esperar para ver.
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