Jornada por gelo e fogo

Pense num cenário de Game of Thrones ou nas paisagens descritas por J. R. R. Tolkien em O senhor dos anéis. Vastas e desoladas planícies cobertas de neve ou por uma vegetação rala e queimada pelo frio, onde guerreiros se enfrentam em batalhas sanguinolentas. Montanhas austeras que criam uma verdadeira muralha natural, desafiadas apenas pelos aventureiros mais insolentes. A terra se abre, espirra fumaça fétida de enxofre, se fende e derrama os rios em saltos de dezenas de metros. Força pura. Imagine dragões. Vulcões ativos, cercados por espesso manto de geleiras, demonstram que é possível a improvável convivência entre fogo e gelo.

Pensou?

Tire de cena os guerreiros e os dragões.

Bem-vindo à Islândia.

Cachoeira de Bruarfoss. Sem filtros.

Primeiro foi a crise a econômica. Depois, em 2010, houve a erupção de um vulcão de nome impronunciável (para não-nativos) que interrompeu durante dias o tráfego aéreo europeu. Agora, foi o futebol. Esses eventos levaram aquela ilha aparentemente remota, na metade do caminho entre América e Europa, a entrar no noticiário e a aparecer na televisão com mais frequência. E sua paisagem, convenhamos, fica muito bem na foto. Não dá mais para chamar a Islândia de um segredo bem guardado, coisa que só os iniciados sabem como é.  Espera-se 1 milhão de turistas este ano. Ou seja, o triplo da população residente.

Verãozão a 12 graus: noites curtas

Há algumas ideias erradas que se costuma ter a respeito da ilha. Verdade, ela fica bem perto do Círculo Ártico e seu clima é, no mínimo, temperamental: sol, chuva, neve, ventania, tudo no mesmo dia. Porém, a influência das correntes marinhas torna as temperaturas bem mais amenas do que em muitos países do continente. De qualquer maneira, verão ou inverno, é bom levar casacos impermeáveis, meias de lã e luvas. O vento é perverso em qualquer estação. É mesmo um país de extremos. Durante o inverno, o sol só dá as caras por poucas horas. No verão, o crepúsculo acontece à meia noite e o amanhecer é às 3h. Nunca fica realmente escuro. Por isso, se seu sonho é ver a aurora boreal, capriche no agasalho e viaje na meia estação ou no inverno. Sem noite, não é possível ver as famosas luzes. Em qualquer caso, não espere ver aquelas cores neon das fotos do Instagram. Às vezes, elas aparecem com mais nitidez para a câmera do que para o olho humano.

Meia-noite em Seljalandsfoss, por trás da cachoeira

Cada estação tem seu charme. E durante o ano inteiro é possível tomar banho nas águas tépidas de balneários geotermais como o famoso Blue Lagoon.

Ficou animado? Então vamos falar de algumas coisas práticas. Não existem voos diretos do Brasil para a Islândia. É preciso fazer escala em alguma capital europeia. De Paris, por exemplo, são três horas e meia de viagem. A Icelandair (http://www.icelandair.com) e a Wow (http://wowair.com) são as principais companhias aéreas. Os voos chegam no aeroporto de Keflavik, a uns bons quarenta minutos de Reykejavik, a capital. É preciso quatro rodas para conhecer o país. Não existem ferrovias e o transporte público é limitadíssimo. A saída é o aluguel de veículos ou recorrer às agências turísticas locais. Nordic Visitor (http://www.nordicvisitor.com), empresa especializada em turismo nos países nórdicos (como diz o nome), organiza passeios o ano inteiro para pequenos grupos em microônibus. Para os amantes da fotografia, vale conferir a programação do Lofoten Tours (http://www.lofotentours.com), itinerários para no máximo seis viajantes na companhia de dois instrutores.

É um paraíso para quem sonha em ver paisagens inusitadas (Clique nas fotos para vê-las ampliadas):

Pensando bem, quem é que precisa de dragões?

Texto e fotos: Fotos Ruins de 10 Países (siga @fotos_ruins_de_10_países no Instagram para mais imagens)