Temos que pegar

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O que leva uma mulher ajuizada, na casa dos 50 anos, a baixar Pokémon Go no seu celular? A resposta é simples: curiosidade. Para quem andou por Marte nas últimas semanas, estou falando do jogo de realidade aumentada para smartphones que foi lançado em 5 de julho nos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia. Pelo que entendi, por trás da febre, há um apelo à nostalgia. Os monstrinhos ficaram famoso na virada do milênio em desenhos animados e foram mania entre a criançada. Quase vinte anos depois, os meninos lembram os bons e velhos tempos com a versão para telefones saindo pelas ruas em busca das criaturas virtuais.

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O jogo, que já provocou acidentes e levou inocentes a ganharem nomes esquisitos como Pikachu, foi lançado nesta quarta-feira (3) no Brasil. “Estamos animados em oficialmente colocar ‘Pokémon Go’ nas mãos dos fãs da América Latina, visitantes e atletas olímpicos no Rio”, era a mensagem na página do jogo no Facebook. Confesso que tenho dificuldade de imaginar Usain Bolt exultante com a novidade.

Com certeza, o lançamento deve ter sido um sucesso. Poucas horas depois um amigo reportava ter sido quase derrubado por uma “treinadora” de pokémons. Enquanto escrevia, ainda não havia sido divulgado o número de downloads nas lojas da Apple e do Google. Presumo que tenham sido centenas de milhares. Centenas de milhares mais um.

Não entendo nada de jogos de celular. Passei incólume por Candy Crush. Mas a história da realidade aumentada me deixou curiosa. Baixar foi moleza.

Difícil foi arranjar um nome disponível, mas isso é outra história. De repente, na tela do telefone, lá estava ele, um bulbassauro (ou coisa parecida) sentadinho na minha escrivaninha, graças à interação com a câmera do celular. Temos que pegar!, pensei imediatamente. Como?, perguntei a mim mesma, confusa. Hum. Tem que jogar essa tal bola vermelha no bicho. Que esperta! Tentei bater na tela, deslizar o dedo, fazer cara feia. Resultado: #fail. Um colega mais jovem e mais safo, meio surpreendido pelo meu pedido de ajuda, me mostrou o básico. Yes! Temos que pegar.

 

bulbassauro

A ideia é sair de casa e bater perna. Não pode ser tão ruim assim, afinal quantas vezes dizemos por dia: “menino, sai da frente do computador e vai para a praia!”. Dá para criticar quando eles finalmente fazem isso? Sim, dá para criticar quando passantes são atropelados por jogadores distraídos. Ou quando os sem-noção de sempre buscam monstrinhos em templos, museus ou cemitérios. (Nas últimas semanas, os relatos bizarros, vindos do mundo inteiro se multiplicaram.). Ou ainda quando seus adeptos se expõe a situações de risco, como tem acontecido com os selfies.  Ao abrir o aplicativo, aparecem avisos do tipo: “não jogue enquanto dirige”, “não invada propriedade privada”, “preste atenção por onde anda”, “não entre em áreas perigosas”. Parece incrível que seja necessário fazer tais apelos ao bom senso. Nos Estados Unidos, houve uma série de assaltos associados ao uso do aplicativo. Na Espanha, a polícia chegou a criar um guia de como usar o jogo com segurança. No Rio de Janeiro, provavelmente seria recomendado o uso de colete à prova de balas e veículos blindados.

Diversão em segurança: apelo ao bom senso

Diversão em segurança: apelo ao bom senso

Como não dirijo, me distraí muito no Uber durante o trajeto até minha casa. Descobri Poke-stops em lugares inusitados, como o busto de Sibelius na Gávea e a igreja da Ressurreição. Capturei mais alguns exemplares exóticos. Toda pimpona, transbordando contemporaneidade, quase hipster, resolvi postar uma mensagem curta no Facebook.

 

 

Sim, confesso. Peguei um Pokémon. Acabo de entrar para Geração Y.

Minutos depois, aparece um comentário do meu filho de 26 anos.

Precisamos conversar. Acabo de encontrar um Ratata na cozinha.

Sinceramente, espero que o tal Ratata seja mesmo uma criatura virtual.

 

Por Avenca123 (Eu disse que foi difícil encontrar um nome disponível).

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